Kassab vê Bolsonaro fora do 2º turno e considera Luiza Trajano e Rodrigo Pacheco ‘bons nomes’ para 3ª via


Fundador e presidente do PSD, um dos partidos que integram o Centrão e sustentam o atual governo, o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab acredita que a pandemia da covid-19 e o cenário econômico negativo — com desemprego e pressão inflacionária — poderão deixar Jair Bolsonaro de fora do segundo turno da eleição presidencial de 2022.
Kassab considera Luiza Trajano, dona do Magazine Luiza, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), “bons nomes” como potenciais candidatos da terceira via à Presidência.
“São hoje os dois nomes, as grandes novidades que estão sendo levadas em consideração”, afirma. “Dos nomes que estão sendo ventilados como novidades do centro, eu os vejo como bons nomes que devem ser observados”, diz.
“Quando surgiu o nome da Luiza Trajano, ela rapidamente ocupou esse espaço [como possível candidata de centro] e ela é qualificada mesmo, embora negue essa intenção [de concorrer]”, afirma o ex-prefeito. “O presidente do Senado, mais recentemente, com a visibilidade que está tendo, também ocupou espaço e é visto como bom nome”.
Kassab diz que “faz tempo” que não fala com Luiza Trajano e que não conversou de forma assertiva com Pacheco sobre eventual candidatura dele — apesar de deixar nas entrelinhas que o tema está sendo debatido nos bastidores.
“Não, até porque ele tem dito que não é candidato. Mas quando uma pessoa tem um cargo público de relevância, chefe de Poder, e se surge uma convicção generalizada de que é o melhor nome, uma pessoa como ele não tem o direito de falar não mediante um chamamento. Mas nesse momento eu respeito a sua vontade”.
Indagado se o PSD pode ter um projeto político comum com Pacheco, Kassab despista.
“Isso não está em discussão, o partido já tem seis nomes [de pré-candidatos] colocados e a nossa postura é um pouco diferente dos outros partidos, porque nós vamos ter um candidato a presidente”.
Para Kassab, o quadro atual sugere que, sendo Luiz Inácio Lula da Silva o candidato do PT a presidente, a tendência é que o petista dispute a segunda etapa do pleito com um adversário do centro.
“O governo federal vai ter de se esforçar para mudar essa visão majoritária do país em relação ao seu desempenho, que será, inquestionavelmente, junto com a perspectiva de novos empregos, o principal fator de observação do eleitor”, afirma o político. “O eleitor vai observar o que foi feito na pandemia e vai perguntar ‘será que vou conseguir o meu emprego de volta?’”, complementa.
“E aí poderemos ter um segundo turno que tenha um candidato que não seja ele [Bolsonaro] contra o Lula. Acho mais fácil ter um candidato de centro contra o Lula do que ter um candidato de centro contra o Bolsonaro”, diz Kassab.
“Acho muito difícil, [Bolsonaro] vai ter de trabalhar muito para reverter sua imagem. O legado vai ser muito ruim, com [projeção de] 500 mil mortos [pelo coronavírus]”, prevê o ex-prefeito, que foi ministro nos governos Dilma Rousseff e Michel Temer.
“Temos 15 milhões de desempregados, cujo número indireto de pessoas atinge 60 milhões em um universo de 140 milhões da população [ativa]”, afirma Kassab.
“Não vou ser leviano de dizer que esse governo não se recupera, mas vai ser difícil e é uma reversão a médio e longo prazos”, pondera o ex-prefeito paulistano.
Para o presidente do PSD, o antipetismo que marcou a eleição presidencial de 2018 “está suavizado” e é mais provável que o eleitor manifeste uma postura antigoverno em 2022.
“O antipetismo é menor em relação a 2018 e acho que haverá um antibolsonarismo, uma disposição antigoverno que não existiu na eleição passada, porque o Bolsonaro ainda não era presidente”.
Sobre João Doria (PSDB), provável pré-candidato à Presidência que se cristalizou como antagonista político de Bolsonaro com embates sobre as vacinas, Kassab considera que o governador de São Paulo errou na comunicação e provocou um efeito indesejado na percepção do público com o modo como explorou o sucesso do imunizante Coronavac — que foi desenvolvido em parceria da farmacêutica chinesa Sinovac com o Instituto Butantan, ligado ao governo paulista.
“Ele teve muitos acertos, mas, do ponto de vista de performance, entendo que errou na comunicação”, afirma Kassab.
“Houve um exagero de exposição, uma superexposição, a sua presença constante. Se tivesse aparecido mais o Butantan e menos a sua figura, talvez a sociedade brasileira tivesse uma percepção mais correta do correto trabalho que ele fez na pandemia”.
O ex-prefeito destaca que a rejeição a Doria é captada em todas as pesquisas de intenção de voto.
“É uma realidade, realmente as pesquisas mostram, e não é uma pesquisa, são todas, que a avaliação da sociedade brasileira sobre o seu desempenho não é boa”.
Kassab considera que Sergio Moro, ex-ministro de Bolsonaro, pode ser um elemento de influência na eleição presidencial de 2022, seja candidato ou não. O ex-prefeito ressalta não haver movimentação do ex-juiz da Lava-Jato que indique disposição dele em se candidatar.
“O que eu não vejo é ele se preparar para ser candidato, ele não está em tribuna nenhuma. A Luiza Trajano diz que não quer ser candidata, mas está posicionada, está no movimento pelas vacinas, no movimento de mulheres empresárias. Ela está em ação, para se tornar candidato é um pulo”, compara.
“O ex-ministro Moro não está posicionado, está fora do país. Está sem motor de arranque do ponto de vista eleitoral”, diz. “A iniciativa dele de se afastar gera quase que uma convicção de que ele não vai participar do processo [eleitoral]”.
Kassab também destaca o fato de Moro não ter filiação partidária e de estar distante do partido com o qual flertou enquanto ainda era juiz, o Podemos.
“Veja como ele não está sendo levado em consideração, o Podemos fala abertamente que está insistindo muito para filiar [o governador gaúcho] Eduardo Leite [PSDB] como candidato. Então o Moro não está no radar, nem do próprio Podemos” conclui.
Kassab considera desnecessário que a CPI da covid-19 tenha definido em seu objeto de apuração de gastos dos governadores durante a pandemia da covid-19.
“Acho que foi mais um jogo político, porque qualquer CPI sempre tem liberdade. Há o famoso jargão que diz que uma CPI se sabe como começa, mas não se sabe como termina, porque uma coisa vai puxando outra”.

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