A colunista Karin Parodi aconselha leitora que se sente estagnada no atual emprego e não consegue ajuda do chefe para melhorar a situação >> Envie sua pergunta, acompanhada de seu cargo e sua idade, para: [email protected]
"Estou trabalhando numa área onde inicialmente era somente meu chefe e eu. Hoje contratamos mais duas pessoas e elas possuem o mesmo cargo que tenho. Porém, como estamos 100% de home office, nossas reuniões são sempre online. Trabalhamos com gestão de projetos e temos diversas reuniões com os times dos projetos, mas me sinto totalmente assistida, pois meu time sempre participa das minhas reuniões, e nunca vejo atuação de ninguém, ou seja, trabalho sem referência, de acordo com o meu conhecimento. Sinto que todos podem fazer uma análise das minhas reuniões e não tenho essa possibilidade de ser ouvinte e aprender coisas novas. Conversei com meu chefe sobre isso, mas ele não deu muita importância. O que faço nessa situação?"
Analista de projetos, 36 anos
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Você mostra consciência e compromisso com teu desenvolvimento - competências altamente valorizadas em qualquer organização. O autodesenvolvimento, pauta-se por assumir o protagonismo pelo nosso processo evolutivo. Significa buscar tempo e recursos para que possamos melhorar nos aspectos profissional e pessoal.
Sem dúvida, quem procura se autodesenvolver tem como resultado o crescimento emocional, mental, social, espiritual e físico, além do profissional. Pessoas que buscam isso são abertas a novas experiências e não se incomodam em mudar seus conceitos e percepções sobre determinado assunto.
Segundo colunista, o profissional que deseja crescer na carreira deve buscar o autoconhecimento e praticar o lifelong learning
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Quem cuida do autodesenvolvimento aumenta em muito as oportunidades de construir uma carreira promissora. Por isso a pergunta é: o que ganhamos quando estamos rodeados de colegas de trabalho sem perspectiva, profundidade, protagonismo e sem interesse em trocar com os demais? A maioria não tem consciência que esse comportamento as leva a perder boas oportunidades, limitando o crescimento na carreira. E isso tem tudo a ver com o protagonismo corporativo, que é a habilidade de assumir riscos e responsabilidades que ajudam a construir a marca pessoal.
A forma com que aprendemos e nos desenvolvemos na carreira, está baseada em alguns pilares. Você já ouviu falar em 70/20/10? Na década de 1990, os professores Morgan McCall, Robert Eichinger e Michael Lombardo, do Center for Creative Leadership, na Carolina do Norte (EUA), desenvolveram este modelo de aprendizagem. O estudo resultou na percepção de que a expansão da aprendizagem e o estímulo às novas experiências se dão por meio de diversas situações que motivam os profissionais, pois inclui diferentes maneiras de aprendermos, crescermos e nos realizarmos.
Segundo os professores, 70% do nosso aprendizado se dá por meio da aprendizagem “on the job”, ou seja, no dia a dia do trabalho, experimentando desafios, problemas a serem resolvidos, novas metodologias, técnicas que mesclam a rotina e novos projetos. É neste cenário que o profissional se diferencia de outro que atua na mesma área. Falo de variedade de projetos, envergadura e complexidade que fazem com que os profissionais se destaquem.
Já os outros 20% do desenvolvimento de nossas carreiras são o resultado da troca com colegas em conversas informais, técnicas, processos e novas ideias não só com pares, mas também com superiores. Os 10% restantes, por sua vez, correspondem ao aprendizado adquirido por meio de treinamentos, participação em congressos, seminários, workshops e cursos, leituras, podcasts, filmes e grupos de interesse nas redes sociais.
Então, se 70% do nosso desenvolvimento é fazendo, também acontece ensinando. A aprendizagem deve ser uma jornada constante e que está relacionada à competência de lifelong learning, que é a busca contínua do conhecimento e da aquisição de novas competências para a evolução da empregabilidade.
Essa falta de troca e referenciais dos colegas, e um chefe sem interesse em desenvolver todos, me leva à conclusão de que é hora de avaliar outras oportunidades no mercado. Mas antes, recomendo conversar com os colegas sugerindo mais troca. Prepare-se para esse diálogo, pois o foco é totalmente construtivo, mas não deixe de pontuar situações em que eles poderiam ter contribuído mais para enriquecer as reuniões. Reforce a importância do autoconhecimento, pois na medida em que a pessoa se conhece, há chance dela entender quem é, quais são suas fortalezas e limitações, até onde quer ir e o motivo pelo qual faz algumas escolhas.
Em paralelo, vá em busca de trocas fora da empresa, participando de grupos e associações da sua área no mercado, se inscreva em eventos, cursos, faça benchmarking com outras companhias. Todas essas ações irão te desenvolver e te dar visibilidade de emprego em outros lugares.
Uma coisa é certa para quem quer crescer na profissão: se você for a melhor da mesa em que está, está na mesa errada. Não perca tempo e cuide da sua carreira. Boa sorte.
Karin Parodi é fundadora e CEO da Career Center e membro do board da ACFInternational - Association of Career Firms. Especializada em projetos de Carreira e RH.
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Esta coluna se propõe a responder questões relativas à carreira e a situações vividas no mundo corporativo. Ela reflete a opinião dos consultores e não a do Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.