Após “V da Nike”, o PIB “raiz quadrada” deve se prolongar por todo o ano de 2022


A figura que virá nos próximos trimestres de 2022 para representar a performance da atividade econômica do Brasil tende a ser formada por uma longa linha que dificilmente apontará para cima O melhor seria que estivéssemos na ponta da direita da letra "V". Mas o gráfico que descreve o ritmo da economia do terceiro trimestre se parece mais com uma raiz quadrada. E a figura que virá nos próximos trimestres de 2022 tende a ser formada por uma longa linha que dificilmente apontará para cima. Ao contrário, talvez se incline ligeiramente para baixo.
As linhas que mostram o desempenho da atividade econômica traçam sempre um caminho de altos e baixos. Não é demérito do Brasil. O passo da economia global é marcado por períodos de expansão, por períodos de retração e de paralisia.
A pandemia entortou para baixo repentinamente a linha do gráfico da atividade da economia global. E a do Brasil foi junto. No primeiro e no segundo trimestre de 2020, o Produto Interno Bruto (PIB) do país afundou. Era a primeira parte do “V”.
Então vieram os efeitos do pagamento feito pelo governo federal do auxílio emergencial às famílias de renda mais baixa. O programa contribuiu para que a linha do gráfico entrasse na trajetória ascendente para completar o “V”.
Nos piores momentos da pandemia, economistas tentavam adivinhar em que letra estávamos. Poderia ser um “U”: uma retração aguda; depois um período no vermelho sem crescer, nem afundar mais; e finalmente uma recuperação de foguete.
Poderia ser uma recuperação semelhante ao desenho que é a logomarca da Nike. Recuo seguindo de retomada consistente, porém mais suave e demorada.
O pesadelo seria se o país estivesse em um “L”: queda abissal do PIB seguida por uma estagnação com a economia fortemente depreciada.
Mas o gráfico da economia depois do segundo trimestre de 2020 ficou, ao menos por um momento, mais parecido com um “V”.
Na comparação trimestre contra trimestre imediatamente anterior, a economia brasileira tinha crescido 0,3% nos últimos três meses de 2019; despencou em uma retração de 8,9% no segundo trimestre de 2020; cresceu 7,8% no terceiro trimestre de 2020. Mas desde então, o ritmo da economia vem desacelerando.
E trimestre a trimestre, a linha do PIB veio novamente apontando para baixo atingindo uma retração de 0,1% no terceiro trimestre deste ano, como mostraram os dados que o IBGE divulgou na quinta-feira (2). Entre abril e junho, o PIB já havia recuado 0,4%.
E o retrato da economia (observando-se a comparação trimestre x trimestre anterior) que pareceu a certa altura que era um "V" foi se transformando em um símbolo distorcido de raiz quadrada. Isto é, um recuo forte da atividade; uma retomada também forte e em seguida uma acomodação morna.
Com a eleição presidencial e juros altos, 2022 deverá ser um ano de baixo crescimento econômico – se houver crescimento. Os cenários apontam para uma alta na casa de 1%; outros apontam para crescimento zero e alguns para pouco abaixo de zero.
Se não houver nenhum novo solavanco, como o que foi proporcionado pela pandemia em 2020, o gráfico da atividade caminha para sair dessa raiz quadrada distorcida do terceiro trimestre para seguir como uma longa linha que se estenderá por todo o ano de 2022, descrevendo uma atividade apática, com discreta ascensão ou discreto descenso.

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